Na Espanha, século XV, todas as jovens, filhas de grandes famílias, eram colocadas no convento, por tradição ou intrigas familiares, inspiradas em devoções infantis. Sabiam que os perfumes e o incenso da capela eram fatores muito convenientes para a pureza das moças de bem; que para uma menina, o convento era um dos lugares mais seguros, mais honrosos e mais cômodos, também, caso pudessem contar com rendas adequadas.
A missionária - Tereza de Cepeda Y Ahyumada - filha de Alonso de Cepeda e Beatriz Ahyumada, nasceu em Ávila, no dia 28 de março de 1515, num lar aristocrático, convivendo com onze irmãos. Após a morte da mãe, o pai, homem severo e meditativo, ocupou-se da educação dos filhos. A adolescente Teresa, embora generosa e espontânea, era demasiada inquieta e, sobretudo, entregue a si mesma. Acolhida aos 16 anos no convento pelas irmãs de Santa Maria das Graças, não apresentava como aluna, outro projeto para o futuro, pois, na época, ela se mostrava decididamente avessa às eventuais perspectivas da vida regiosa.
A partir daí, começa uma série de prodígios que levavam Teresa, passo a passo, a fazer-se monja: acometida por um mal misterioso, cuja hipótese mais provável parece ter sido a epilepsia, ela retornou ao lar, mas a ideia do sofrimento e da morte penetrava na consciência de Teresa, que manifestou sua intenção de voltar ao convívio religioso, desta vez como monja. Recebida de volta, pronunciou os votos. Todavia as provas mais árduas, longe de serem superadas, estavam, ao contrário, prestes a chegar.
Logo após tomar os votos, o mal tornou a acometer Teresa de forma violenta: as crises se sucediam com frequência e ela vivia habitualmente fora dos sentidos. De vez em quando, perdia a consciência de todo. O mal se revelou tão grande que Teresa, desenganada após voltar à casa do pai, teve seu falecimento constatado pelos médicos. Levado pela emoção, seu pai recusou-se à sepultá-la, até que, no quarto dia, a "morta" reabriu os olhos. Teresa estava viva! No futuro, a missionária revelou que, durante este período, sentia com pesar que ainda continuava prisioneira daquele pobre corpo.
Completamente paralisada, Teresa conseguiu autorização para retornar ao convento. Na enfarmaria, a viçosa e vivaz educanda de poucos anos atrás, estava, aos 25 anos de idade, reduzida a uma porção de osso, capaz, apenas, de arrastar-se sobre os joelhos. Todavia, por motivos tão misteriosos quanto aqueles que a haviam provocado, a enfermidade depareceu e ela retornou à vida normal do convento: dali por diante, pelo espaço de 22 anos, toda a sua vida se resumiu num colóquio entre sua alma e Deus. Com grande naturalidade, como se tratasse do encontro mais óbvio, começaram as "visitas do Cristo". Posteriormente, Teresa declararia: "Eu O vejo com os olhos da alma, masi claramente do que se tivesse com os do corpo".
Por essa "estrada de luz", eis que a monja Teresa chega às visões mediúnicas, que a apanhavam de surpresa e de improviso. Por último, entre os tantos e tão singulares fenômenos da sua vida, manifestou-se os dois mais singulares: Êxtases - que, segundo as palavras de Teresa, "outra coisa não podia ser senão o reflexo exterior de um ímpeto do amor da alma (...) sinto-me morrer do desejo de ver a Deus (...) às vezes o ímpeto é tão forte que, quando estou de pé o corpo parece sem vida (...)". E, como consequência do êxtase, vinha a levitação - fenômeno que se produzia em Teresa sem que a missionária pudesse evitá-lo ou escondê-lo. Nessas ocasiões, as atônitas companheiras viam Teresa erguer-se no ar como que aspirada em direção ao teto.
Aos 57 anos de idade, quando a extraordinária experiência mística de Teresa chegou ao ponto culminante, ela já parecia glorificada. Pode-se dizer que à partir de então, era maior a sua familiaridade com Deus do que com os homens. Foi nessa ocasião que concretizou-se a parte mais sólida da sua missão terrena: a luta pela reforma do Carmelo, quando a missionária passou a viver com poucas coirmãs mum humlide e pequeno mosteiro, onde os votos, sobretudo da pobreza, seriam rigidamente obsdervados. O gesto pioneiro de Teresa originou a quetão das "monjas carmelitas descalças de São José" - primeiro convento reformado - suscitando na Espanha escândalos e protestos violentos.
Teresa era citada como uma monja inquieta e andeja, ambiciosa, desobediente, obstinada, que propagava doutrinas perniciosas a pretexto de devoção e deixava o convento contra as ordens dos superiores. Assim, deu-se início a um longo processso, entre pareceres discordantes, de apoiadores e detratores da "reformada". Entretanto, o processo se esvasiou sozinho, como uma bolha de sabão, e a dinâmica missionária pode se ocupar das outras monjas. Após 10 anos de árdua batalha, a reforma do Carmelo obeteve o seu reconhecimento e, como no tempo de Francisco de Assis, as missionárias carmelitas reencontravam uma nova pureza ao reabraçar a "Santa Pobreza".
Mesmo observando com perfeição os jejuns, a luta pela reforma da Ordem, as penitênicas e as peregrinações a conventos, a incansável Teresa encontrou tempo para escrever cinco obras que se incluem entre as maiores da literatura mística de todos os tempos: A Vida, O CAminho da Perfeição, O Castelo Interior (que quase lhe rendeu a fogueira), As Invocações da Alma a Deus e Cânticos Espirituais. Finalmente, no dia 4 de outubro de 1582, chegada ao termo de uma de suas viagenscostumeiras aos vários mosteiros, Teresa era, então, apenas um corpo curvo e ressequido sepultado, no dia seguinte, num cubículo escavado nos muros da igreja de Alba, atendendo ao seu pedido. Mas a fama de sua santidade foi se espalhando e no decorrer de alguns anos, o seu corpo, milagrosamente incorrupto, foi retirado às escondidas e despedaçado por devotos.
TERESA D'ÁVILA e a sua mediunidade
A passagem terrena de Teresa d'Ávila apresentou traços característicos diversificados: desde a adolescência, a brava missionária passava horas lendo livros de aventuras, principalmente aqueles com pitorescas confusões entre santos, anjos e guerreiros. Além da notável inteligência, ela revelou a coragem necessária para fugir da csa paterna e apresentar-se à um convento e pronunciar os votos. Totalmente recuperada, após ser acometida pela "morte aparente", travou a longa batalha de dez anos em prol da grande reforma monástica.
vitoriosa, viu com alegria quando as fundações, reformadas, foram se multiplicando, conferindo às mulheres o direito ao Ensino da Teologia.
Em 1622, decorridos 40 anos de sua morte, Teresa d'Ávila seria canonizada pela Igreja. Enquanto para os crentes, a missionária seria venerada como uma santa, os estudiosos preferem reconhecê-la como uma valente revolucionária religiosa; já, alguns, admiram a sua figura, de certa forma, mística. Entretanto, muito mais do que uma santa ou monja reformadora, Teresa foi um espírito que encarnou com tarefas bem definidas na defesa de seus ideais. Apresentou faculdades medianímicas como clariaudiência, clarividência, êxtase, bilocação e levitação, mas, até então, incompreendidas, e que só seriam investigadas metodologicamente, aqui no Ocidente, a partir do século XIX, com a ciência espírita.
Enquanto permaneceu na Terra, Teresa d'Ávila passou por inúmeras experiências de vida, entretanto, a única experiênciaque realmente poderia interessar à missionária seria as várias etapas, já percorridas, por seu espírito ao longo da estrada que conduz à iluminação.
No capítulo 17 do Evangelho Segundo o Espiritismo - Sede Perfeitos - Jesus nos fala: "Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito". A perfeição encontra-se, inteiramente, na prática das virtudes, alcançadas ao longo das diversas encarnações. O espírito Teresa d'Ávila, que encarnação passada fora, segundo alguns pesquisadores, Maria de Magdala, percorreu um longa e árdua caminhada. Finalmente, como monja reformada, havbia conseguido seu total resgate espiritual.
Para compreenção da magnitude e beleza de toda a sua trajetória, pode-se conhecer mais sobre essa valorosa criatura, através da leitura do livro Perdôo-te, de Maria Soler.
A missionária - Tereza de Cepeda Y Ahyumada - filha de Alonso de Cepeda e Beatriz Ahyumada, nasceu em Ávila, no dia 28 de março de 1515, num lar aristocrático, convivendo com onze irmãos. Após a morte da mãe, o pai, homem severo e meditativo, ocupou-se da educação dos filhos. A adolescente Teresa, embora generosa e espontânea, era demasiada inquieta e, sobretudo, entregue a si mesma. Acolhida aos 16 anos no convento pelas irmãs de Santa Maria das Graças, não apresentava como aluna, outro projeto para o futuro, pois, na época, ela se mostrava decididamente avessa às eventuais perspectivas da vida regiosa.
A partir daí, começa uma série de prodígios que levavam Teresa, passo a passo, a fazer-se monja: acometida por um mal misterioso, cuja hipótese mais provável parece ter sido a epilepsia, ela retornou ao lar, mas a ideia do sofrimento e da morte penetrava na consciência de Teresa, que manifestou sua intenção de voltar ao convívio religioso, desta vez como monja. Recebida de volta, pronunciou os votos. Todavia as provas mais árduas, longe de serem superadas, estavam, ao contrário, prestes a chegar.
Logo após tomar os votos, o mal tornou a acometer Teresa de forma violenta: as crises se sucediam com frequência e ela vivia habitualmente fora dos sentidos. De vez em quando, perdia a consciência de todo. O mal se revelou tão grande que Teresa, desenganada após voltar à casa do pai, teve seu falecimento constatado pelos médicos. Levado pela emoção, seu pai recusou-se à sepultá-la, até que, no quarto dia, a "morta" reabriu os olhos. Teresa estava viva! No futuro, a missionária revelou que, durante este período, sentia com pesar que ainda continuava prisioneira daquele pobre corpo.
Completamente paralisada, Teresa conseguiu autorização para retornar ao convento. Na enfarmaria, a viçosa e vivaz educanda de poucos anos atrás, estava, aos 25 anos de idade, reduzida a uma porção de osso, capaz, apenas, de arrastar-se sobre os joelhos. Todavia, por motivos tão misteriosos quanto aqueles que a haviam provocado, a enfermidade depareceu e ela retornou à vida normal do convento: dali por diante, pelo espaço de 22 anos, toda a sua vida se resumiu num colóquio entre sua alma e Deus. Com grande naturalidade, como se tratasse do encontro mais óbvio, começaram as "visitas do Cristo". Posteriormente, Teresa declararia: "Eu O vejo com os olhos da alma, masi claramente do que se tivesse com os do corpo".
Por essa "estrada de luz", eis que a monja Teresa chega às visões mediúnicas, que a apanhavam de surpresa e de improviso. Por último, entre os tantos e tão singulares fenômenos da sua vida, manifestou-se os dois mais singulares: Êxtases - que, segundo as palavras de Teresa, "outra coisa não podia ser senão o reflexo exterior de um ímpeto do amor da alma (...) sinto-me morrer do desejo de ver a Deus (...) às vezes o ímpeto é tão forte que, quando estou de pé o corpo parece sem vida (...)". E, como consequência do êxtase, vinha a levitação - fenômeno que se produzia em Teresa sem que a missionária pudesse evitá-lo ou escondê-lo. Nessas ocasiões, as atônitas companheiras viam Teresa erguer-se no ar como que aspirada em direção ao teto.
Aos 57 anos de idade, quando a extraordinária experiência mística de Teresa chegou ao ponto culminante, ela já parecia glorificada. Pode-se dizer que à partir de então, era maior a sua familiaridade com Deus do que com os homens. Foi nessa ocasião que concretizou-se a parte mais sólida da sua missão terrena: a luta pela reforma do Carmelo, quando a missionária passou a viver com poucas coirmãs mum humlide e pequeno mosteiro, onde os votos, sobretudo da pobreza, seriam rigidamente obsdervados. O gesto pioneiro de Teresa originou a quetão das "monjas carmelitas descalças de São José" - primeiro convento reformado - suscitando na Espanha escândalos e protestos violentos.
Teresa era citada como uma monja inquieta e andeja, ambiciosa, desobediente, obstinada, que propagava doutrinas perniciosas a pretexto de devoção e deixava o convento contra as ordens dos superiores. Assim, deu-se início a um longo processso, entre pareceres discordantes, de apoiadores e detratores da "reformada". Entretanto, o processo se esvasiou sozinho, como uma bolha de sabão, e a dinâmica missionária pode se ocupar das outras monjas. Após 10 anos de árdua batalha, a reforma do Carmelo obeteve o seu reconhecimento e, como no tempo de Francisco de Assis, as missionárias carmelitas reencontravam uma nova pureza ao reabraçar a "Santa Pobreza".
Mesmo observando com perfeição os jejuns, a luta pela reforma da Ordem, as penitênicas e as peregrinações a conventos, a incansável Teresa encontrou tempo para escrever cinco obras que se incluem entre as maiores da literatura mística de todos os tempos: A Vida, O CAminho da Perfeição, O Castelo Interior (que quase lhe rendeu a fogueira), As Invocações da Alma a Deus e Cânticos Espirituais. Finalmente, no dia 4 de outubro de 1582, chegada ao termo de uma de suas viagenscostumeiras aos vários mosteiros, Teresa era, então, apenas um corpo curvo e ressequido sepultado, no dia seguinte, num cubículo escavado nos muros da igreja de Alba, atendendo ao seu pedido. Mas a fama de sua santidade foi se espalhando e no decorrer de alguns anos, o seu corpo, milagrosamente incorrupto, foi retirado às escondidas e despedaçado por devotos.
TERESA D'ÁVILA e a sua mediunidade
A passagem terrena de Teresa d'Ávila apresentou traços característicos diversificados: desde a adolescência, a brava missionária passava horas lendo livros de aventuras, principalmente aqueles com pitorescas confusões entre santos, anjos e guerreiros. Além da notável inteligência, ela revelou a coragem necessária para fugir da csa paterna e apresentar-se à um convento e pronunciar os votos. Totalmente recuperada, após ser acometida pela "morte aparente", travou a longa batalha de dez anos em prol da grande reforma monástica.
vitoriosa, viu com alegria quando as fundações, reformadas, foram se multiplicando, conferindo às mulheres o direito ao Ensino da Teologia.
Em 1622, decorridos 40 anos de sua morte, Teresa d'Ávila seria canonizada pela Igreja. Enquanto para os crentes, a missionária seria venerada como uma santa, os estudiosos preferem reconhecê-la como uma valente revolucionária religiosa; já, alguns, admiram a sua figura, de certa forma, mística. Entretanto, muito mais do que uma santa ou monja reformadora, Teresa foi um espírito que encarnou com tarefas bem definidas na defesa de seus ideais. Apresentou faculdades medianímicas como clariaudiência, clarividência, êxtase, bilocação e levitação, mas, até então, incompreendidas, e que só seriam investigadas metodologicamente, aqui no Ocidente, a partir do século XIX, com a ciência espírita.
Enquanto permaneceu na Terra, Teresa d'Ávila passou por inúmeras experiências de vida, entretanto, a única experiênciaque realmente poderia interessar à missionária seria as várias etapas, já percorridas, por seu espírito ao longo da estrada que conduz à iluminação.
No capítulo 17 do Evangelho Segundo o Espiritismo - Sede Perfeitos - Jesus nos fala: "Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito". A perfeição encontra-se, inteiramente, na prática das virtudes, alcançadas ao longo das diversas encarnações. O espírito Teresa d'Ávila, que encarnação passada fora, segundo alguns pesquisadores, Maria de Magdala, percorreu um longa e árdua caminhada. Finalmente, como monja reformada, havbia conseguido seu total resgate espiritual.
Para compreenção da magnitude e beleza de toda a sua trajetória, pode-se conhecer mais sobre essa valorosa criatura, através da leitura do livro Perdôo-te, de Maria Soler.
REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO
MAIO DE 2009
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